Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que libertou os 700.000 escravos que ainda existiam no  Brasil e proibiu a escravidão no país. Isabel ocupava então a Regência do Império do Brasil, em virtude de um tratamento de saúde que seu pai, o imperador D. Pedro II, realizava na Europa. 
A  data está um pouco desprestigiada desde a década de 1970, quando os  movimentos negros brasileiros resolveram instituir um dia da consciência  negra para ressaltar o papel dos próprios negros no processo de sua  emancipação. Assim, o dia 20 de novembro, que relembra a execução de  Zumbi, seria um contraponto ao 13 de maio.
De  acordo com essa perspectiva, o 13 de maio seria uma data que  representaria a abolição como um ato de "generosidade" da elite branca e  transformaria a princesa na personagem principal da libertação dos  escravos. Ao contrário, o 20 de novembro, homenageando Zumbi e o  quilombo de Palmares, seria um símbolo da resistência e da combatividade  dos negros, que, de fato, não aceitaram passivamente a escravidão.
Aos  poucos, o dia nacional da consciência negra ganhou prestígio, até ser  incluído no calendário escolar brasileiro, pelo artigo 79-B, da lei  10.639, de 9 de janeiro de 2003, que incluiu no currículo escolar a  obrigatoriedade da temática "história e cultura afro-brasileira".  Tornou-se também, segundo a Agência Brasil, um feriado em 225 municípios  brasileiros, inclusive São Paulo, a maior metrópole do país.
Comemorar o 13 de maio 
A  questão que se pode levantar a partir disso é: há ou não motivos para a  comemoração do 13 de maio? A efeméride tem, sim, seu valor histórico.  Ela comemora a vitória do movimento abolicionista e do parlamento  brasileiro. A campanha abolicionista, um dos maiores movimentos cívicos  da história do Brasil, ao lado da campanha pelas Diretas Já, atingiu o  êxito no exato momento que a princesa Isabel assinou a célebre lei.
Por  outro lado, é importante ter em mente que a história trata de fatos do  passado, mas as interpretações desses fatos dependem da época em que  elas são feitas. O significado dos fatos, portanto, varia de acordo com  as gerações de historiadores que se debruçam sobre eles e, também,  segundo a ideologia que está por trás de suas interpretações.
Assim,  o que se valoriza numa determinada época, pode simplesmente ser  considerado menos importante ou até se pôr de lado numa ocasião  posterior. Um outro exemplo da história ajuda a esclarecer a questão: a  comemoração de 21 de abril, que relembra o martírio de Tiradentes só  passou a existir após a Independência do Brasil. Enquanto éramos colônia  portuguesa, Tiradentes não era considerado um herói, muito pelo  contrário.
Depois da abolição 
Enfim,  a lei Áurea serviu para libertar 700 mil escravos que ainda existiam no  Brasil em 1888 e proibir a escravidão no país. Independentemente disso,  não se pode deixar de reconhecer que a abolição não resolveu diversas  questões essenciais acerca da inclusão dos negros libertos na sociedade  brasileira. Depois da lei Áurea, o Estado brasileiro não tomou medidas  que favorecessem sua integração social, abandonando-os à própria sorte.
Essa  dívida social, porém, não pode ser imputada somente à princesa Isabel e  à monarquia. A situação social dos negros não melhorou com a República.  Sobre isso, o Estado só veio a se pronunciar com mais veemência no ano  2003, com a instituição da Secretaria Especial de Políticas de Promoção  da Igualdade Racial, que tem desenvolvido projetos visando a inclusão  social do negro.
Apesar  disso, as estatísticas do IBGE ainda registram grande desigualdade em  relação a negros e brancos. Alguns exemplos referentes à educação são  bastante significativos. Os dados mais recentes apontam a taxa de  analfabetismo das pessoas com 15 anos de idade ou mais: 8,3% de brancos e  21% de negros.
A  média de anos de estudo das pessoas com 10 anos de idade ou mais é de  quase seis anos para os brancos e cerca de três e meio para negros.  Enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o ensino  médio, somente o fizeram 13% dos negros.

A desigualdad social em nossa América é uma ferida que ainda sangra. Negros, índios e seus descendentes seguem submetidos a tratos ruins. Temos que trabalhar pela conservação das culturas dos povos e a igualdade nas diferencias. Gostei da nota. Beijos
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